Paul McCartney chama amigos e lança versão caleidoscópica de disco

Lançado em dezembro do ano passado, “McCartney III” veio fechar uma trilogia iniciada por Paul McCartney há 50 anos. Fazem parte do combo “McCartney”, de 1970, e “McCartney II”, de 1980, e o que os une é o fato de músico ter feito os três sozinho e em períodos de relativa reclusão. Não há na trilogia ideias, sons ou experimentações que não tenham saído da cabeça de Paul McCartney. Com uma ou outra rara exceção, ele tocou todas as guitarras, baixos, baterias, teclados e sintetizadores presentes nos três discos, além de ter produzido tudo.

Produção, aliás, é a palavra-chave para entendermos esse “McCartney III Imagined”, que o artista solta agora, no meio de abril. São exatamente as mesmas 11 faixas de “McCartney III”. No entanto, as 11 músicas não poderiam estar mais diferentes.

McCartney chamou amigos e artistas fãs de seu trabalho para reimaginar cada uma das canções do disco. Na maior parte das vezes, não se trata de regravar a música com outra banda, mas sim de pegar a instrumentação feita por McCartney e remixar, acrescentando elementos ao sabor do convidado.

Assim, “Find My Way”, por exemplo, a música de trabalho de “III”, se torna “‘Find My Way’ (Featuring Beck)”. E o rock cheio de guitarras, com uma bateria marcante e o vocal clássico que corre por três minutos e 55 segundos, se transforma, na cabeça de Beck, num funk com batida hipnótica, baixo marcado e sintetizadores. Com vozes de robô fazendo aparições de vez em quando,
McCartney canta agora num ambiente muito mais rico do que no original.

Já “The Kiss of Venus” se apresentava em dezembro como uma daquelas delicadas baladas próprias do ex-beatle, com um dedilhado de violão que remete a clássicos como “Blackbird”, de 1968, ou “Junk”, de 1970. Após passar pelas mãos do multi-instrumentista de hip hop Dominike Fike, ela vira um pop moderno, com diversas camadas de vocais. Mas neste caso, Fike decidiu regravar a música do zero.

Essas duas canções já podem ser ouvidas nas plataformas de streaming. E quem mais vai aparecer no disco? Damon Albarn, Blood Orange, Phoebe Bridgers, Josh Homme, a banda Khraungbin, Robert Del Naja, do Massive Attack, Ed O’Brien, Anderson Paak e St. Vincent, entre outros.
Albarn, conhecido pelo seu trabalho no Blur e nos Gorillaz, deixa “Long Tailed Winter Bird” praticamente irreconhecível com sua adição de elementos eletrônicos. A mesma faixa foi refeita pelo ator Idris Elba, que já tem um currículo respeitado no circuito de DJs. Essa segunda versão, no entanto, ficou exclusiva para o lançamento físico, que acontecerá no verão britânico deste ano.

Na pegada oposta, o roqueiro Josh Homme, do Queens of the Stone Age, transforma a pesada “Lavatory Lil” numa lânguida canção de bar de beira de estrada, cantando ele mesmo no lugar de McCartney.

É claro que o resultado geral é variável, nem poderia ser de outra forma. Vale lembrar que “McCartney III” foi o primeiro disco de Paul a alcançar o primeiro lugar em sua Inglaterra natal desde 1989. Nos Estados Unidos, ficou em segundo.

Pela clara possibilidade de agradar a muito mais gente, essa curiosa versão caleidoscópica corre o risco de emplacar no topo nos dois lados do Atlântico. Será? McCartney quebraria assim um jejum de 39 anos, desde “Tug of War”, de 1982.

No entanto, será que esse “Imagined” pode ser considerado um álbum de Paul McCartney? Ou estaria mais para uma coletânea de suas últimas canções realizadas por outros artistas? Quem saberia dizer?

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MCCARTNEY III IMAGINED
Quando: Lançamento em 16/4
Onde: Nas plataformas de streaming (mídia física será lançada em junho)
Autor: Paul McCartney e outros
Gravadora: Universal
Avaliação: Bom

Fonte: Folhapress 

 

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