Os parlamentares também querem a renúncia do presidente.
Na noite desta quarta-feira (17/05), dois deputados federais, Alessandro Molon (Rede-RJ) e João Henrique Caldas (PSB-AL), entraram com um pedido de impeachment para o presidente do Brasil Michel Temerapós ser denunciado que Temer teria dado aval para dar uma mesada em troca do silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Outros parlamentares estão reivindicando a renúncia do executivo.
“O governo Temer acabou. Já estamos com pedido de impeachment preparado. Se ele (Temer) tivesse dignidade para renunciar, renunciaria. Não há condições de fazer eleição indireta. Temer cometeu crime de responsabilidade. E que história é essa que não havia condições de continuar a sessão da Câmara? Que história é essa de encerrar a sessão para calar a oposição? É para proteger Michel Temer? Ele (Maia) estava totalmente alterado”, disse Molon.
Para João Henrique Caldas, Temer não tem “condições mínimas para liderar o país rumo à saída da maior crise econômica de sua história”.
Já o deputado José Guimarães (PT-CE) afirmou que Temer tem que renunciar à presidência, e que o impeachment seria uma segunda opção. “O primeiro passo é a renúncia dele e a convocação de novas eleições. Se o Temer não topar, temos que fazer o impeachment. É isso que o país espera”, destacou.
A deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) também defendeu o impeachment: “Esse governo é uma farsa. A história vai cobrar esse preço. Não há outra saída senão o impeachment já. Fora temer, eleições já”, pediu.
CRIME DE RESPONSABILIDADE
Molon argumenta que Temer incorreu em um dos crimes de responsabilidade elencados na lei que os define: delito contra a probidade na administração, tendo procedido de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), terá que analisar o pedido de impeachment, para decidir se dá prosseguimento à solicitação.
“Rodrigo Maia terá que despachar o pedido, pois estamos diante de algo muito grave. Não acredito que ele não dará prosseguimento ao pedido”, disse Molon.
O deputado afirmou que o segundo passo será requerer as gravações com Temer feitas por Joesley Batista e chamar as testemunhas do caso para serem ouvidas no Parlamento. Para Molon, a conduta está devidamente tipificada na lei de responsabilidade e, segundo as informações noticiadas, há provas robustas para que Temer seja submetido ao processo de cassação.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que o Partido dos Trabalhadores se reunirá na noite desta quarta-feira para discutir os termos de um pedido de impeachment.
— Estamos fazendo reunião agora para discutir os termos da apresentação de pedido do impeachment do presidente Michel Temer — explicou Lindbergh.
O senador foi repreendido pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que lembrou a Lindbergh que a sessão plenária estava tratando, no momento, da votação da proposta de emenda constitucional (PEC) que dispõe sobre o foro privilegiado. O senador Magno Malta (PR-ES) pediu a palavra em seguida e provocou o petista:
— Estou achando hilário o comunicado. Não seria o sujo falando do mal lavado? E delação agora vale? Porque pro PT delação nunca valeu nada. Pros outros vale, pra eles não vale.
Pouco tempo depois, a sessão plenária foi encerrada.
ENTENDA O CASO
O presidente Michel Temer foi gravado pelo dono da JBS Joesley Batista, dando aval para o pagamento de propina ao deputado cassado Eduardo Cunha em troca do silêncio dele. Diante de Joesley, Temer indicou o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver um assunto da J&F (holding que controla a JBS). Posteriormente, Rocha Loures foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil enviados por Joesley.
Temer também ouviu do empresário que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada na prisão para ficarem calados. Diante da informação, Temer incentivou: “Tem que manter isso, viu?”.
Aécio Neves também foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley. O dinheiro foi entregue a um primo do presidente do PSDB, numa cena devidamente filmada pela Polícia Federal. A PF rastreou o caminho dos reais. Descobriu que eles foram depositados numa empresa do senador Zeze Perrella (PSDB-MG).
Em negociação para fechar acordo de delação premiada, Joesley relatou também que Guido Mantega era o seu contato com o PT. Era com o ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma Rousseff que o dinheiro de propina era negociado para ser distribuído aos petistas e aliados. Mantega também operava os interesses da JBS no BNDES.