O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, foi o terceiro candidato a participar da sabatina do Jornal Nacional na noite desta quinta-feira (25).
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Lula participou da sabatina do Jornal Nacional Foto: Marcos Serra Lima/g1
O petista foi perguntado por William Bonner sobre corrupção e a anulação de processos contra ele pelo Supremo Tribunal Federal.
“Durante cinco anos eu fui massacrado e estou tendo hoje a primeira oportunidade de poder falar disso abertamente ao vivo com o povo brasileiro. Primeiro: a corrupção, ela só aparece quando você permite que ela seja investigada.”
Lula também citou o Mensalão e a Operação Lava Jato.
“Em 2005, quando surgiu a questão do Mensalão, eu cheguei e disse o seguinte: ‘só existe uma de alguém não ser investigado nesse país: é não cometer erro’. Se cometer erro, vai ser investigado. E foi isso que nós fizemos. Se alguém comete um erro, alguém comete um delito, investiga-se, apura, julga, condena ou absolve e tá resolvido o problema. O que foi o equívoco da Lava Jato? É que a Lava Jato enveredou para um caminho político delicado. A Lava Jato ultrapassou o limite da investigação e entrou no limite da política. E o objetivo era o Lula. O objetivo era tentar condenar o Lula.”
Na entrevista, Lula também falou sobre a escolha do procurador-geral da República.
“Eu poderia ter escolhido um Procurador engavetador. Sabe aquele amigo que você escolhe e que nenhum processo vai pra frente? Eu poderia ter feito isso e não fiz. Eu escolhi da lista tríplice. Eu poderia ter impedido que a Polícia Federal tivesse um delegado que eu pudesse controlá-lo. Não fiz. E permiti que as coisas efetivamente acontecessem do jeito que precisava acontecer.”
Gestão de Dilma Rousseff
Questionado se adotaria a política econômica de seus mandatos ou se aplicaria ideias do governo da ex-presidente Dilma Rousseff, sua aliada e sucessora, Lula reconheceu erros da gestão da presidente.
“Eu acho que a Dilma cometeu equívoco na questão da gasolina, ela sabe que eu penso isso. Acho que cometeram equívoco na hora que fizeram 540 bilhões de desoneração e isenção fiscal de 2011 a 2040, sabe”, afirmou o ex-presidente.
Orçamento secreto
Outro tema tratado na entrevista foi o orçamento secreto. Lula chamou a prática de “escárnio”.
“Hoje não é só o presidente da república, não. Os governadores do estado estão refém dessas emendas secretas também. Porque antigamente o deputado ia conversar com o governador pra fazer a aplicação de verba. Hoje os deputados não conversam mais. Tem deputado liberando duzentos milhão, cento e cinquenta milhões, cem milhões. Isso é um escárnio. Isso não é democracia”, argumentou Lula.
Alckmin como vice
Ao ser questionado sobre a recusa de parte da militância petista em aceitar a escolha do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) como candidato a vice-presidente, Lula disse que o paulista foi aceito de “corpo e alma” pelo PT.
“O que eu não quero é que o PT peça pra ele se filiar, porque a gente não quer brigar com o PSB”, afirmou.
“Eu estou até com ciúmes do Alckmin. Você tem que ver que sujeito esperto. Ele fez um discurso no dia 7 de maio, sabe, quando ele foi apresentado oficialmente ao PT, que eu fiquei com inveja. Ele foi aplaudido de pé. Pergunta pra esposa dele pra dona Lu, que anda com a Janja, para ver o como ela está gostando da coisa. O Alckmin já foi aceito pelo PT de corpo e alma”, declarou.
Polarização em processos eleitorais
“Ela é saudável no mundo inteiro. Polarização tem nos Estados Unidos, tem na Alemanha, tem na França, tem na Noruega, tem na Finlândia, em tudo quanto é lugar, sabe? Toda vez que tem mais que uma pessoa participando de alguma coisa, não tem polarização num partido comunista chinês, não tinha polarização no partido comunista cubano, agora quando você tem democracia, quando você tem mais que um disputando, a polarização é saudável! Ela é importante, ela é estimulante, ela faz a militância ir para a rua, ela faz carregar bandeiras, o que é importante é que a gente não confunda a polarização com o estímulo ao ódio”.
Críticas a Jair Bolsonaro
“Acabou o presidencialismo, o Bolsonaro não manda nada, o Bolsonaro é refém do Congresso Nacional. O Bolsonaro sequer cuida do orçamento, sequer cuida do orçamento”, falou. Lula afirmou que “quem cuida” e “libera verba” é o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
”O Bolsonaro parece o bobo da corte. Ele não coordena orçamento. Veja que engraçado, acabou de aumentar o auxílio emergencial para R$ 600, correto? Ele queria R$ 200, agente queria R$ 600, ele mandou R$ 500, agora mandou R$ 600. Até quando? Até dia 31 de dezembro’.
Fonte: Portal MN