“Eu deveria ser forte, deveria ter aprendido a lidar com isso, mas não consigo”. A frase pode parecer clichê, um tanto melodramática, mas está atrelada a uma triste realidade, uma espécie de ponto cego o qual a sociedade ainda tem dificuldades em encarar e compreender: o suicídio.
O ato suicida é, portanto, considerado um pecado em algumas religiões e um crime em certas legislações. Mas em algumas culturas, como a japonesa, esta atitude pode ser considerada uma forma digna de fugir de contextos que envolvem vergonha e culpa, nos últimos anos a taxa de suicídio na cidade de José de Freitas-PI vem crescendo assustadoramente,… ai fica a pergunta… o que leva alguém a cometer tal ato, contra a própria vida? Que transtornos esta pessoa estaria passando, para cometer tal ato de tamanha brutalidade? O que mais nos preocupa é a alta taxa de suicídio entre os jovens, é o que mais preocupa hoje nossa sociedade. Entre os 15 e os 24 anos, ele já se encontra no terceiro lugar nas causas da morte, logo depois de acidentes e homicídios.
Aqui temos alguns depoimentos de pessoas de nossa cidade de José de Freitas-PI, sobre a sua versão a respeito do SUICÍDIO.
Na visão do Administrador:Flavio Craveiro
A visão administrativa sobre o assunto parte de um princípio básico chamado administração emocional. Essa administração divide a vida atual em 4 partes administrativas que leva a uma pessoa a ter uma vida equilibrada são eles: Trabalho lazer espiritual e você . O trabalho dignifica o homem. O lazer lhe qualifica socialmente de acordo com o seu legado de amigos. O espiritual lhe faz enxergar através da semiótica espiritual as ações do mundo moderno sem afetar seu psicológico. É você que deve buscar a se conhecer mais a cada dia pois se conhecendo jamais se deixará influenciar por situações terceiras. Em harmonia com essas 4 partes jamais sobrará tempo para pensar num suicídio pois o trabalho te qualifica na sociedade onde você busca lazer e espiritualidade e a tua mente que no caso é você te exalta quando equilibrado ou te condena quando desequilibrado o que pode levar ao suicídio que na verdade nada mais é um refúgio para acabar com a dor e não uma maneira de deixar esse mundo… A situação não é fácil se não se enquadrar nos quadrantes acima citado o financeiro apenas te exime de aptidões de créditos, o emocional vai dá gravidade dos sentimentos, mas com o equilíbrio emocional, ele impedirá que tudo isso aconteça.
Padre Francisco Alves, Pároco da Igreja de Nossa Senhora do Rosário – Bairro Cidade Nova: Cuidar do Padre Humano
Entre o ano de 2017 a 2018 tivemos morte suicida de 17 padres no Brasil. A sequência de suicídios de padres católicos chama nos atenção os vários motivos que os levaram a tirar a vida. Fiquei angustiado e preocupado com a morte do Mons. Orlando da diocese de Quixadá, ocorrido nesta sexta-feira, com quem tive um convivo pastoral em 2009. Meus sentimentos a toda diocese de Quixadá, a todo clero. A vida religiosa não dá superpoderes aos padres, pelo contrário, eles são tão falíveis quanto qualquer um leigo. Em muitos casos, a fé pode não ser forte o suficiente para superar momento difícil da vida. O psicólogo William Castilho, que vai estar em nossa diocese em julho deste ano, autor do livro “Sofrimento Psíquico dos Presbíteros“ destaca que: “o grau de exigência da Igreja é muito grande. Espera-se que o padre seja, no mínimo, modelo de virtude e santidade. Qualquer deslize, por menor que seja, vira alvo de crítica e julgamento. Por medo, culpa ou vergonha, muitos preferem se matar a pedir ajuda”. Além disso eu destaco que o excesso de trabalho, a falta de lazer, a perda de motivação pastoral e a falta de fraternidade presbiteral, são possíveis fatores que podem levar os padres ao suicídio. Segundo os psicologos nós padres diocesanos somos mais propensos a sofrer de estresse do que os religiosos que vivem reclusos. Um dos fatores mais estressantes da vida religiosa é a falta de privacidade. Não interessa se estão tristes, cansados ou doentes: os padres têm que estar à disposição dos fiéis 24 horas por dia, sete dias por semana, férias nem pensar, passeio nem se fala, descansar não faz parte da vida do padre.
Meus caríssimos irmãos no sacerdócio cuidemos mais de nossa vida, de nosso bem estar, como tmb de nossos trabalhos pastorais. Aconselho- vos que devem pedir ajuda ao bispo sempre quando sentirem tensão psicológica ou esgotamento físico: “Os padres não estão sozinhos. Fazemos parte de uma família. E, nesta família, cabe ao bispo desempenhar o papel de pai e zelar pelas necessidades dos filhos”; Não se afastem do convívio clerical (amigo de um padre eh um outro padre); tire suas férias anuais; procure sempre fazer check-up médico; der prioridades as suas horas de descanso; intensifique sua orações pessoais; peçam sempre orações aos seus fiéis, cuide de si e do outro também.
Que Deus abençoe nossa vida sacerdotal, nosso clero de Brejo, nosso bispo dom Valdeci, nós que somos esses homens comuns, no corpo e na alma, tão semelhantes a milhares de outros homens, mas que possuímos uma marca, um sinal, uma destinação honrosa e necessária para levar a salvação a todos q nos procuram! Homens acolhidos e ungidos por Deus!
Meus queridos padres somos uma só família!
Pe. James Teixeira da Costa
Diocese de Brejo
Pe Alves: Entre os padres existem também muitos casos !
As tentativas de suicídio ou sua prática efetiva envolvem sempre uma grande dose de sofrimento, tensão, angústia e desespero. Esta dor da alma pode ser real ou ser a conseqüência de uma crise de natureza afetiva, de uma conturbação mental, como, por exemplo, a psicose no seu grau mais agudo, ou de uma depressão com sintomas delirantes. Se estes estados alterados da mente vêm acompanhados do consumo de drogas e de álcool, a ação é potencializada significativamente, o que torna a atitude suicida praticamente inevitável. O indivíduo pode ou não deixar uma explicação de seu ato para familiares e amigos, através de uma nota ou de uma carta.
Professora, Assistente Social, Empoderadora: Jardelina Melo
“Precisamos ter uma educação voltada para as emoções. Hoje, a demonstração de afeto está mais para as coisas materiais. Falar de suicídio é bastante delicado é preciso ter cuidado ao julgar esta palavra que é muitas vezes tratada como tabu, acredito que quanto mais for discutido, maior a chance de diminuir o preconceito sobre esse tema principalmente a depressão que é o primeiro sintoma.”JARDELINA.
Geralmente a sociedade responde a essas atitudes com o véu do silêncio, como se estive lidando com um tabu, ou seja, um assunto sobre o qual deve pairar, com a cumplicidade implícita de todos, um voto de não discussão, de negação do debate e de um mergulho mais profundo em seus meandros. Mas em alguns lugares, como, por exemplo, nos Estados Unidos, ele é considerado um problema social, e muitas vezes também de saúde pública, já que suas estatísticas apontam altos índices de ocorrência. Anualmente acontecem por volta de trinta mil mortes por suicídio, enquanto as tentativas, que nem sempre visam a morte, revelam um grau de ocorrência 8 a 10 vezes maior. O suicídio é simplesmente a oitava causa mortis neste país.
Luticiana: Luciana Luty, Pedagoga, Radialista, Professora, Blogueira e Mulher Transexual.
Minha opinião sobre o suicídio é compartilhada por muitos. Lógico que não sou a favor do mesmo. Porém, é necessário ponderar as causas que levam uma pessoa a cometê-lo. A população LGBT, é vítima de vez em quando desse mal horrível que é o suicídio, por questões de homo, lesbi é transfobia, tendo em vista que a orientação sexual dessas pessoas é tida como abominável. Isso pode influenciar pessoas dessa população que não possuem uma aceitação por parte principalmente dos familiares, a cometerem esse ato de extrema consequência.
Segundo o psiquiatra Geraldo Possendoro, professor de Medicina Comportamental da Unifesp, em mais de 90% dos casos de suicídio, a pessoa já tinha alguma doença psiquiátrica. Ele acrescenta que não é incomum que pessoas com depressão e que não são tratadas adequadamente recorram a drogas e álcool para aliviar o sofrimento.
Letícia Craveiro: Psicóloga
O comportamento suicida vem ganhando magnitude numérica impactante, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil esta entre os dez países com maiores números absolutos de suicídio.
Suicídio é um problema que deve ser encarado de forma aberta e, na medida do possível, mais esclarecido possível. O tabu sobre o assunto, por exemplo, é um dos mais antigos e principais fatores impeditivos para a prevenção.
É uma questão de saúde pública, o serviço esta em processo de abarcar a todos de maneira efetiva, porém, em passos lentos e curtos. É imprescindível melhorar os serviços de saúde, mas não tão somente a rede do sistema de saúde, é importante promover a qualidade de vida em diversos âmbitos: psicológico, biológico, político, social, cultual e afins. É preciso desenvolver intervenções veemente onde pessoas com ideação suicida saiba que há esperança sim, que há melhoria, que há saída. Impreterivelmente temos que desmistificar vários mitos sobre os comportamentos suicídio. Vale ressaltar a importância das pessoas que estão lado dos indivíduos com a ideação, então manejo tem que ser sem julgamento, ouvir atentamente, ter empatia, mostrar os aspectos positivos da vida e, sobretudo, encaminhar pra um profissional.
Leticia Craveiro: Psicóloga Crp – 21/03150
A psicóloga Karen Scavacini, cofundadora do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio, afirma que além dos sinais diretos que a pessoa emite quando tem a intenção de se matar – falar explicitamente que quer morrer, por exemplo – alguns sinais indiretos também podem ser percebidos.
“A pessoa começa a se despedir de parentes e amigos, pode apresentar muita irritabilidade, sentimento de culpa, choros frequentes. Também pode começar a colocar as coisas em ordem e ter uma aparente melhora de um quadro depressivo grave, de uma hora para outra. Muitas vezes, isso significa que já se decidiu pelo suicídio, por isso fica mais tranquila. É a falsa calmaria”, diz. Comportamentos de risco desnecessários podem ser observados nesse período.
“É como se os suicídios se tornassem invisíveis, por serem um tabu sobre o qual mantemos silêncio. Os homicídios são uma epidemia. Mas os suicídios também merecem atenção porque alertam para um sofrimento imenso, que faz o jovem tirar a própria vida”, alerta Waiselfisz, coordenador da Área de Estudos da Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).
O suicídio na juventude intriga médicos, pais e professores também pelo paradoxo que representa: o sofrimento num período da vida associado a descobertas, alegrias e amizades, não a tristezas e morte.
Ambiente Escolar
Psiquiatra da infância e da adolescência e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Carlos Estelita estuda a interface entre o suicídio e outros fenômenos violentos – desde famílias que vivem em comunidades urbanas tomadas por tiroteios e vivem o estresse diário dos confrontos até jovens indígenas que se sentem rejeitados tanto por suas tribos como por grupos brancos.
O bullying no ambiente escolar é citado por ele como um dos principais elementos associados ao suicídio. “Pessoas que seguem qualquer padrão considerado pela maioria da sociedade como desviante, seja o tênis diferente, a cor da pele, o peso, o cabelo ou a orientação de gênero, são hostilizadas continuamente e entram em sofrimento psíquico”, afirma Estelita, professor do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, ligado à Fiocruz.
“Temos de alertar também para a transformação do modelo tradicional de família e para o fato de que a escola nem sempre consegue incluir esse jovem.”
Fica aqui o alerta mesmo sabendo que outra dificuldade é falar do assunto com jovens. Muitas vezes, estratégias que funcionam com adultos não têm o mesmo resultado quando usadas com adolescentes – e, entre as peculiaridades desse grupo, está a forma como usa a internet e as redes sociais.